terça-feira, 7 de abril de 2015

Canto de Mangas Arregaçadas #12


Marco Silva no purgatório

O que aconteceu em Paços de Ferreira não foi propriamente uma novidade. Começar a ganhar, ter oportunidade para matar o jogo mas consentir o empate. Com este, foi o nono.
Se por um lado temos uma equipa que consegue praticar bom futebol, com identidade e que entusiasma a bancada, não é menos verdade que falta, demasiadas vezes, “matar o jogo”.
Marco Silva chegou ao Sporting proveniente do Estoril, naquela que foi a sua primeira experiência como treinador. Naturalmente, é uma realidade diferente, quer em termos de pressão, de objectivos, etc. A própria abordagem aos diferentes momentos do jogo tem de ser diferente. Aqui começa o primeiro pecado de Marco Silva: a mentalidade. Se o 1-0 do Estoril em Paços de Ferreira poderá fazer com que a equipa recue e dê a iniciativa de jogo ao adversário, o que até faz sentido, no caso do Sporting isso nunca pode acontecer. É preciso marcar, pelo menos, o golo da tranquilidade. No último jogo, a equipa teve muitas oportunidades para o fazer. Mas não é aqui que atribuo a culpa a Marco Silva.
Depois dos inúmeros falhanços, a equipa recuou em demasia, perdendo o controlo do meio-campo e deixando de ter bola, dando ao Paços de Ferreira a oportunidade de fazer o jogo que mais gosta, o que é raro naquele tipo de equipas.
Aos 74’, por alturas do golo do empate, Marco Silva ainda não tinha mexido na equipa, quando havia jogadores em claro défice físico (Carrillo, João Mário) e de rendimento (André Martins).
Lembro-me de ter comentado com o meu pai, dez minutos antes, que aquilo viria a acontecer se não houvesse mudanças no meio-campo, p.e., Rosell por A. Martins/João Mário.
Sofrido o golo do empate, começa o segundo pecado de Marco Silva: a troca de Slimani por Montero. Numa altura em que seria previsível o típico “chuveirinho”, era importante ter jogo aéreo forte, que deixou de existir com a saída do argelino. Slimani mais fixo na área e Montero mais móvel.
Na segunda substituição, Marco Silva lá arriscou tirando João Mário e colocando Mané, só que o mal já estava feito. Já nem comento a entrada do Capel…
Porquê então o título desta crónica? Sou defensor da continuidade de Marco Silva. O Sporting já foi um cemitério de treinadores, com os resultados que se conhecem. Queremos construir uma equipa cada vez melhor, com processos assimilados. Marco Silva consegue colocar as equipas a praticar bom futebol. Mas terá, também, de aprender com esta primeira época. Tem de perceber que o 1-0 durante o jogo não é suficiente porque basta um remate à outra equipa (como o Paços fez) para deitar fora dois pontos. Porque se queremos ser campeões, não podemos desperdiçar pontos desta maneira.
Caso a Taça de Portugal venha parar a Alvalade, penso que podemos dar esta época como positiva e onde todos, desde presidente a adeptos, tiveram de aprender. Marco Silva está entre o céu e o inferno e terá de ver se quer ficar na história do Sporting ou se pretende ser apenas mais um Paulo Sérgio desta vida…

Pedro Gabriel

"Canto de mangas arregaçadas" é uma coluna de opinião cobrada à terça-feira e que pode sair sob a forma de texto, imagem ou vídeo, dependendo da forma do autor.

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