terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Canto de mangas arregaçadas #4: Considerações sobre o derby

Foto: José Sena Goulão
Não vou alongar-me sobre questões tácticas nem fazer uma análise aprofundada do derby.
Apenas dizer que o que aconteceu durante os 90 minutos, em particular nos últimos sete, oito foi apenas e só futebol. Uma equipa que jogou para ganhar, porque a isso estava obrigada, e outra que tentou ver o que o jogo dava, porque a segurança do primeiro lugar lhe dava essa hipótese.
Não me custou nem surpreendeu a abordagem do Benfica à partida. Saber defender e contra-atacar é uma arte. No entanto, o Benfica não o soube fazer e Jesus tem experiência suficiente para perceber que jogar para o empate, muitas vezes, dá em derrota.
Custou-me, isso sim, o constante anti-jogo feito desde o primeiro minuto. É um tipo de artimanha usada pelas equipas ditas pequenas, satisfeitas pelo pontinho fora mas nunca pode ser utilizado por uma equipa como o Benfica. Demoras nos lançamentos, quedas constantes do guarda-redes não são acções dignas de um grande. Se fosse adepto encarnado, ficaria envergonhado.
A verdade é que o constante anti-jogo ia tendo sentença merecida com o golo de Jefferson mas acabou por resultar dado o golo de Jardel, em que não posso esquecer alguma ingenuidade da equipa leonina. Empate, um ponto para cada lado. End of story.

Esta equipa do Sporting tem potencial e se conseguir manter este nível pode almejar a aproximar-se dos lugares cimeiros embora o título seja praticamente uma miragem.
É importante recuperar os jogadores psicologicamente porque há uma Taça de Portugal para vencer e uma Liga Europa para fazer boa figura.
Ambiente fantástico em Alvalade, com apoio constante do princípio ao fim e o aplauso merecido à equipa no final do encontro. Mas o estádio é para encher mais vezes e não só nos jogos grandes.
Algumas notas em jeito de lamento e que merecem reflexão:
  • O Sporting voltou a referir-se ao Benfica como clube visitante. Já o tinha feito com o FC Porto. É desnecessário e não fica bem. Se queremos respeito temos de respeitar. 
  • Voltou a cair um adepto no já famoso fosso de Alvalade. Uma aberração desde que foi projetado até aos dias de hoje, que já merecia um plano especial de encerramento. Depois da Missão Pavilhão, porque não uma Missão Fechar o Fosso?
  • No final da partida, a claque do Benfica arremessou três tochas (há quem diga que foram very-lights) em direcção aos adeptos do Sporting e só a intervenção pronta da polícia evitou males maiores. Um dia antes, no futsal, uma tarja a dizer “Very Light 96” foi exibida pelos mesmos adeptos. É urgente penalizar estes criminosos e têm de ser os clubes a sofrer as consequências. Punir os clubes com jogos à porta fechada é a melhor maneira de despertarem para este problema. À hora a que escrevo, ninguém da direcção do Benfica veio condenar estes actos. E o seu presidente esteve presente nos dois lados...



Pedro Gabriel


"Canto de mangas arregaçadas" é uma coluna de opinião cobrada à terça-feira e que pode sair sob a forma de texto, imagem ou vídeo, dependendo da forma do autor.

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